Pesquisas, fraudes e aquisição final (concluída)

Boa tarde a todos!

Caso não vos seja incómodo, venho partilhar as novidades e experiências que encontrei nas minhas buscas pelo meu V12.

Comecei por me apaixonar pelo 456, que foi também o alvo primordial das minhas buscas preliminares. Atraía-me, como ainda me atrai, o facto de ser um carro menos evoluído electronicamente do que os seus sucessores. No entanto, importar estava fora de questão e em território nacional, não encontrei nenhum que me enchesse as medidas. Quero também da forma mais pública possível reconhecer encarecidamente o apoio incondicional e ajuda preciosa, incansável e amável do nosso amigo Vitor. Já tinha tido oportunidade de privar muito brevemente com ele aqui em Lisboa por altura da FIL em Abril e agora uma vez mais fiquei com a certeza inabalável que pessoas como o Vitor é a razão pela qual vale a pena ter um carro destes. O que o Vitor me ajudou vai além de qualquer camaradagem Ferrari ou de qualquer espécie de amizade: é coisa que só uma pessoa de família faria.

Depois tive oportunidade de investigar um 550 e um 575. Ambos me impressionaram e tal como todos os Ferrari que tive oportunidade de ver "in loco", muitíssimo mais imponentes e impressionantes ao vivo, estacionados e com o motor desligado, do que qualquer foto pode deixar antever. O 550 já se encontrava reservado e entretanto não sei se o negócio se concluiu, porque deixei de obter feedback electrónico sobre o negócio. Assumo que se tenha concretizado.

Entretanto, foi trazido à minha atenção um 599 GTB F1, antiga propriedade de um senhor que responde pelo nome de Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, conforme pude verificar pelo Certificado de Matrícula e Documento de Aquisição facultado pela Viauto Porto. Todas as informações que recolhi junto de pessoas da comunidade Ferrari e que estimo com uma amizade incondicional e profundo reconhecimento (que fazem parte do nosso Clube e do nosso Fórum e que nem é preciso explicitar os seus nomes) confirmaram as minhas suspeitas sobre a legitimidade do negócio proposto. O carro não se encontra em território nacional, apesar de possuir chapas nacionais. Após investidas telefónicas (linha fixa e móvel) e após e-mails em que solicitei as informações da praxe e declarei a minha disponibilidade para me deslocar e ver a viatura, os senhores que alegam serem os legítimos detentores da viatura desapareceram da face da terra por completo. Assim sendo, fugi eu a sete pés, pois a boa fé é fácil de praticar e não há razão alguma para que assim não seja, a não ser a má-fé.

Depois, existe aquele 575M F1 Maranello sinistrado da Figueira da Foz. Que deixou há dias de estar disponível no Standvirtual. Fiquei eu com ele. Antes que esta aquisição vos possa parecer insana de alguma forma, passo a explicitar as razões que presidiram a esta decisão:

- O penúltimo proprietário da viatura foi a empresa do Sr.Fernando Soares (FSAutomóveis), nome de peso no mercado por apenas se dedicar a viaturas em estado original e acima da média.

- A viatura encontra-se munida de todos os acessórios, manuais, livros e caderneta de manutenção carimbada pela Viauto desde a sua chegada a Portugal (vendido novo na Alemanha em 2002, importado para território luso em 2004).

- Os documentos e matrícula encontram-se activos e legais, não obstante o sinistro ocorrido. Não recai sobre a viatura quaisquer reservas de propriedade ou demais ónus e encargos.

- Após verificação minuciosa e extensiva do carro, a que tivemos acesso incondicional o dia todo a nosso bel-prazer, eu e a pessoa que sempre me acompanha nestas ocasiões, pudemos aferir acima de qualquer dúvida por mais ínfima que fosse, que o chassis não foi afectado pelo sinistro e que o mesmo se encontra absolutamente intacto. Essa era a minha principal preocupação e à mais leve suspeita que assim não fosse, ter-me-ia despedido cordialmente e estaria a caminho de Lisboa num abrir e fechar de olhos, pois ninguém me apontou uma arma à cabeça para me obrigar a fechar um negócio sobre o qual tivesse sequer uma réstea de dúvidas sobre a íntegridade mecânica e/ou estrutural da viatura. Era como se eu agora me visse envolvido num sinistro com o Mondial. Perfeito, excepto a batida. Se a estrutura não fosse afectada (como não foi), seria sempre uma compra a ponderar, penso eu.

- O preço de venda acabou por ser extremamente favorável, pelo menos para um cliente particular que não equaciona vender futuramente a viatura e não tem que se preocupar com margens de lucro, ao invés de uma empresa do ramo (foi o que me permitiu realizar uma oferta mais competitiva do que a extensa concorrência que enfrentei e que me surpreendeu em larga escala. O facto da agressividade negocial e frequentemente arrogância/pouca simpatia de certas pessoas que se julgam Reis do Universo por poderem adquirir um Ferrari, sobretudo quando encontram pela frente um proprietário que eles julgam mais humildes que eles, também jogou algo a meu favor, de acordo com o anterior proprietário). Permite-me agora com calma e com orçamento, dedicar-me a algo que sempre me quis dedicar e que encaro como particularmente prazeroso: um projecto de restauro (não estrutural). Para vos ser inteiramente franco: de momento, não possuo a ponto de os tirar para o lado e brincar numa actividade meramente lúdica, os praticamente 100.000€ que por ora se pedem por um 575 imaculado. Há que pensar na actividade profissional da empresa, na família, na saúde e nos imprevistos da vida. O tempo que levará a viatura a ser reparada permitir-me-à também remodelar a minha garagem, por forma a melhor acomodar o terceiro e último membro da família.

- O interior da viatura está incrivelmente imaculado e bem cuidado. Bancos nunca foram restaurados, o interior não está sticky, etc. O motor funciona a plenos pulmões. Conta com pouco mais de 35.000km e é um matching numbers.

Quis partilhar estes episódios bem como a aquisição do meu V12 convosco, na esperança que possa ser útil aos membros do fórum bem como a futuros compradores. Mas mais: sei que tanto no ramo profissional quer a nível particular, há quem compre viaturas que sofreram um sinistro e que tente mascarar a realidade: depois de o comprar tenta esconder/ocultar do mercado que sofreu um acidente, não vão as pessoas fugir um dia mais tarde se se quiser vender, tentam pintar por cima e "está feito", enfim... Tentam negar a realidade que uma pesquisa de 5 minutos trás invariavelmente à tona. Não gosto de sequer tentar tapar o sol com a peneira e portanto assumo que adquiri um Ferrari sinistrado e divulgo toda a informação de que disponho, sem me negar a qualquer questão e solicitação que entendam por bem colocar-me e à qual responderei sempre com o entusiasmo e minúcia que gosto de pensar que me caracteriza. Seriedade e frontalidade são dois valores que gosto de praticar, mesmo que um dia se vender as pessoas fujam de mim a sete pés. Prefiro que fujam ou que ganhe muito menos com o carro um dia se o quiser vender, por comparação com outros exemplares não sinistrados (coisa que não me podia preocupar menos), do que existir alguém que pudesse, com motivos válidos ou não, questionar a minha idoneidade enquanto pessoa e enquanto Ferrarista convicto. Isso sim é que me impediria de dormir à noite e eu valorizo muito o meu sono. Se um dia vender o carro, poderão surgir comentários que o carro sofreu um acidente no passado. Que apesar de ter sido reparado ao mais ínfimo detalhe, sem tecto orçamental e pela pessoa insuspeita que nós conhecemos, é de fugir e esperar para comprar um exemplar não batido que possa vir a surgir. À vontade! Só não poderão dizer que enganei alguém, sem querer ou querendo. Eu estive ciente em todo o processo, dos riscos e vantagens. O mínimo que posso fazer e que controlo, é avançar com todas as informações para que a pessoa possa, tal como eu pude, tomar a sua decisão consciente e informada. Os meus Ferrari estão disponíveis para visita, não estando à venda, e à prova de qualquer inspecção sobre a manutenção neles levada a cabo. E a melhor parte é que nem sequer alguém, em caso de dúvida, terá que se quedar por acreditar na minha palavra. A um telefonema de distância está o Barreiro Tal como se sabe que o meu Mondial está como saiu de Maranello e que o meu 355 não é um matching numbers, que se saiba também que o meu 575 sofreu um acidente. Se é para partilhar as coisas boas e as alegrias, então que se partilhe tudo, inclusive aquilo que poderá ser polémico, ainda que para mim conte a qualidade do trabalho levado a cabo e o estado presente de uma viatura sã. Os Ferrari para mim são um prazer e daí a minha franqueza, não é um negócio nem um jogo onde se adoptem posturas norteadas por outros princípios. E considero estar entre amigos, mais uma razão para nada me preocupar a não ser a sincera, desinteressada e altruísta entreajuda entre todos.

O grande diferencial desta aquisição, quanto a mim, é o facto de ter sido analisada a um nível de pormenor verdadeiramente arrebatador do ponto de vista mecânico pela pessoa que mantem muitos dos nossos Ferrari na margem sul (e não só) e a quem tenho o privilégio de considerar amigo. Essa mesma pessoa, cujo trabalho fala por si e vive acima de qualquer suspeita, cuja assinatura recorrente num livro de revisões acarreta forçosamente um valor de mercado claramente acima da média, será também a pessoa que se vai encarregar exclusivamente e na íntegra de todo o processo de restauro da viatura e sua posterior manutenção, quando estiver em condições de voltar a circular. Não será deixada portanto, a cargo de um curioso qualquer ou de um desconhecido de uma empresa que nunca ouvimos falar. Quanto a mim, será prova de que um exemplar acidentado, se reparado pela pessoa certa da forma certa e com o orçamento certo, estará em melhores condições que um exemplar nunca acidentado, mantido pela mão de sabe Deus quem.

Estou ciente do orçamento necessário em peças (que realizámos ANTES de efectuar a visita, para saber se valia a pena a deslocação, e fizemos um crosscheck APÓS a visita), bem como da mão-de-obra necessária para reparar tudo o que tem que ser reparado. Não apanhámos nenhuma surpresa, não fomos ao engano, nem com paixão ou inocência mas, mesmo assim, reservei espaço financeiro para uma potencial desgraça.

Em suma: adquiri um 575M Maranello F1 completo de acessórios, com histórico Viauto, interiores novos e com o chassis intocado por um preço que não seria suficiente para comprar a esmagadora maioria dos veículos utilitários do dia-a-dia que se vendem actualmente novos, que receberá todos os mimos e mais alguns por parte daquele que encaro ser o maior especialista Ferrari no nosso país. Para o reparar utilizarei apenas uma selecção criteriosa das melhores peças não que caibam no orçamento, mas que existem no mercado para serem adquiridas. Por todas as razões e mais alguma, mas muito em particular no capítulo da segurança. Poupar sai cada vez mais caro, num Ferrari então...

Irei realizar um portfolio minucioso para partilhar convosco, caso não represente um incómodo. Irei pedir ao anterior proprietário as fotos que estavam no anúncio e tirarei eu próprio novas fotos em detalhe dos danos. Irei partilhar cada reparação e cada peça, assim que surja vagar, para que se possa comparar o antes, o durante e o resultado final. A viatura estará em minha posse no início de Janeiro, já que antes disso por razões profissionais e logisticas de transporte por reboque, não será possível. Acaba por ser um projecto idêntico à actividade que me dedico profissionalmente: o ramo de investimento imobiliário, de construção, remodelação de apartamentos e moradias, aquisição e revitalização de activos de empresas em processo de insolvência. Só que desta feita, aplicado a um bem móvel, uma orquestra de 12 cilindros movida por 515 cavalos relinchantes!

Fica pois concluída a minha garagem Ferrari. Tentei enriquecer a minha experiência Ferrari com exemplares de 4 e 2 lugares, descapotável, targa e berlinetta, manual e automático, V8 e V12. Ainda me coloquei em despesas a caminho da Figueira, já que na A8 levei com detritos projectados por um veículo pesado que circulava à minha frente e destruí uma óptica do meu Alfa

Um abraço a todos, com um profundo agradecimento a todos os que me assistiram nas minhas buscas através daqui: http://www.ferrarichat.com/forum/portugal/468562-terceiro-e-%FAltimo-pedido-de-ajuda.html e muito em particular ao Vitor e ao Tiago. Peço-vos desculpa de só vos escrever quando é para incomodar, mas ficai certos que tendes a minha disponibilidade e amizade incondicionais caso um dia precisardes, seja com que assunto for.

Nuno.

 

Dr1v3r, retribuo esse abraço e nada de "Senhor", só Nuno! Muito obrigado pelo apoio!

Amigos Vitor e Bruno, muito obrigado pelas palavras de encorajamento! Espero o mais brevemente possível ter novidades para partilhar convosco!

Tiago, como te disse na mensagem, já me faltam as palavras para te agradecer o teu contributo nesta aquisição e em todas as que realizei. Um apoio que não tem preço não só para mim, mas para qualquer frequentador do nosso Clube e do Fórum! Não te consigo dizer o que apreciei ver as fotos do meu 575 que partilhaste! Chamei a família toda ao computador para darem uma olhada! Gosto muito de construir um "mini portfolio" dos carros que possuo, com detalhes e histórias passadas, pelo que se tiveres as fotos à mão e não te causar nenhum transtorno, para mim é uma espécie de presente de Natal antecipado!

Amigo Still, um abração e obrigado pelo apoio. Para mim as pessoas são sempre mais importantes que as coisas, daí que determinadas posturas não tenham preço.

Last but not least de maneira nenhuma, RS6Bird amanhã tomaremos o nosso cafézinho, em jeito de comemoração! Muito obrigado francamente pela amabilidade, pela ajuda, pela solidariedade e pelo apoio altruísta desde o primeiro instante em que comecei a ponderar a compra e solicitei auxílio.

Aproveito também para manifestar o meu interesse em recorrer aos serviços do nosso colega Ferrarista Bruno, na forma da sua empresa DetailPoint, parceira do Clube. Já há bastante tempo que estou familiarizado com o portfolio da empresa, que sempre mereceu rasgados elogios de todas as pessoas que a ele recorrem. Já está mais do que na hora, e agora mais do que nunca parece-me especialmente pertinente, levar o 575 a Coimbra assim que esteja em condições de circular, para tentar tornar o meu 575 mais um singelo símbolo da parceria entre o nosso Clube e a DetailPoint. Além de tudo o descrito, não me restam dúvidas que o profissionalismo e amabilidade do Bruno devem ser reconhecidos e recompensados com a minha inteira confiança na qualidade do seu trabalho que salta à vista. A minha preocupação incide especialmente na pintura exterior. Além dos danos óbvios resultantes do sinistro e apesar de assumir a minha plena ignorância nestes aspectos técnicos, parece-me que existem fundamentos para se considerar uma reparação minuciosa de larga escala para corrigir os danos e assegurar vitalidade e durabilidade da tinta.

Um grande abraço a todos, repleto de alegria não só pela aquisição, mas ainda mais por poder contar convosco!

Nuno.

 

Muito obrigado pelas palavras, Pedro!

Existem tão poucos 575 em Portugal que achei que de facto seria um bom projecto, não obstante os óbvios desafios e obstáculos, alguém pegar nele e devolver-lhe a glória original. Sempre tive o "bichinho" de me dedicar a um projecto de restauro e pareceu-me estarem reunidas as condições para abraçá-lo agora que encontrei este 575. Mais uma vez ressalvo o chassis intacto, senão também não me ia colocar numa posição de ter dores de cabeça constantes sem solução, por muito que quisesse dedicar-me a um restauro! Tudo depende dos danos, antes de nos dedicarmos a uma coisa destas, e este era claramente recuperável, desde que haja paciência! Ao início quando vi o anúncio, troquei meia dúzia de impressões com quem de direito e não voltei a pensar nele. Mas depois ao fazermos as contas num tempinho livre, chegou-se à conclusão que era menos oneroso do que os danos deixavam antever, porque de facto um indivíduo "assusta-se" e bem com a extensão de alguns danos. Mas sabendo onde adquirir e procurar as peças, o "susto" acaba por ser inteiramente gerível e quando nos explicam todo o processo de que o carro será alvo, fico mais tranquilo e confiante. Não é catástrofe nenhuma! Continuo a pensar que um exemplar nunca batido e mal mantido apresenta mais risco que um que alguém salvou e não olhou a meios para o recuperar, caso os dados não fossem estruturais, como não são. A questão é a disponibilidade das peças: hoje por curiosidade andámos a ver algumas peças, e jantes da frente de um 575 é mentira. Há que indagar mais em profundidade e esperar!

Foi uma conjugação de dois factores: a sorte do chassis estar intacto e te poder contar com o profundo conhecimento a montante e a jusante do nosso amigo do Barreiro! Se uma destas duas variáveis se desligasse uma da outra, eu já não teria condições de avançar com o negócio.

Pedro por acaso também pensei o mesmo: que ninguém lhe havia de pegar, mas asseguro-lhe que estive a anos-luz de ser o único. Para meu espanto, após conversar com a pessoa da empresa que o detinha, nada poderia estar mais longe da verdade! O antigo proprietário tinha visitas no ritmo praticamente semanal, umas mais sérias do que outras, mas suponho que quem tenha um Ferrari para venda, salvado ou não, está sempre sujeito a que lhe entrem pela porta todo o tipo de indivíduos. O carro esteve apalavrado e quase vendido umas duas vezes. E isso foi-me dito após a conclusão do negócio e não antes, porque se tivesse sido antes até poderia eu ter encarado isso como conversa de vendedor, do tipo "despacha-te e chega-te à frente que há interesse", mas não foi. A sorte é que muitos, para não dizer todos os que visitaram o carro, fizeram-se acompanhar de mecânicos que, embora sem dúvida competentes, não deviam possuir amplo conhecimento do mundo Ferrari e assustavam-se com o trabalho que a viatura irá demandar. Valer a pena vale, por vezes o trabalho é que por ser tanto, houve profissionais que não estavam para se chatear com isso.

Ia-me doer o coração de ver um 575 à venda, "assassinado" e com um preço de venda exorbitante para a qualidade (ou falta dela) que muitos profissionais do ramo colocam à venda, esperando que ninguém se dê ao trabalho de fazer o trabalho de casa e investigue/averigue o trabalho levado a cabo, como aquele 348 de que o Pedro e o Tiago me alertaram. Medo! A sinceridade é o melhor caminho e até que me provem o contrário/mesmo que me provem o contrário, eu continuarei teimosamente na minha.

O tempo eu tenho e até joga a meu favor, por neste momento estar a mudar de residência e preciso levar a cabo obras de expansão da garagem, que demoram sempre muito tempo. Enquanto a construo e a doto de alguns artifícios para eliminar o frio e a humidade, é o tempo que o carro entretanto será eventualmente consertado.

A mão de obra também me deixa descansado, pois não o poderia deixar entregue em melhores mãos! É sempre uma experiência que hei de contar aos meus filhos ter tido a oportunidade de ver um autêntico mestre trabalhar, com a assinatura reluzente dele no livro de revisões, ao lado dos carimbos da Viauto! Além de uma qualidade que não tem preço e que nos permite desfrutar das nossas máquinas sem preocupações, a mão de obra será sempre mais barata que na Ferrari, o que me levaria à falência pela certa e sem nenhuma garantia que saísse dalí melhor trabalho do que obterei no Barreiro.

A disponibilidade das peças é que é capaz de requerer alguma paciência, por aquilo que vi hoje, mas tenho fé nos entusiastas ingleses que já tantas vezes me safaram de peças que são difíceis de localizar!

Passei por Loures a caminho de apanhar a A8 para a Figueira da Foz e efectivamente falaram-me no senhor que o Pedro menciona. Irei indagar sobre os seus serviços.

Para já, aquela suspensão vai sair e entrar tudo novo. A direcção também e até ver, peças nestes dois capítulos são pacíficas em termos de disponibilidade. Iremos a princípio fazer duas grandes encomendas de peças em separado: mecânicas e chapa.

Depois ainda irei ver relativamente à cor, o que fazer: o carro foi originalmente vendido rosso corsa mas está há já bastantes anos nero, tanto assim é que nos documentos a cor que consta é o nero. Mas não estou muito satisfeito com ela, por vários motivos. Ainda vou pensar no assunto e confesso que não faço ideia da burocracia necessária para reverter para a cor original nos documentos do carro. Um escape inglês feito à medida, não para alterar o som mas precisamente para o desoprimir é que está na calha. Andar a suprimir a música de um motor Ferrari com catalizadores, silenciadores, etc é um sacrilégio imposto pelos eurocratas para baixar emissões que me chateia sobremaneira.

Não tenho ilusões sobre a magnitude do trabalho que é necessário para levar o meu 575 onde quero que ele chegue, mas ao mesmo tempo estou cada vez mais entusiasmado e esperançoso! Espero conseguir mostrar que este 575 era merecedor de atenção e carinho e espero que o resultado nos surpreenda a todos!

Um forte abraço!

Nuno.

 

Muitíssimo obrigado Paulo e F355 Berlinetta!

Com um alto grau de certeza posso especular que uma vez findos os trabalhos de conserto do 575, se eu não dissesse nada a ninguém e uma vez que o chassis não foi afectado e está "direito" como se diz na gíria, ninguém iria suspeitar ou notar nada, ainda para mais sendo um projecto deixado às mãos de quem será deixado.

Se outros "players" no mercado conseguem/procuram mascarar trabalhos de qualidade muito questionável de forma quase insuspeita e perfeita, então poucas dúvidas me restam que um trabalho de qualidade superior e à prova de qualquer questionamento sem nada a esconder eliminará quaisquer restícios de episódios passados com uma facilidade óbvia.

No entanto, o facto de não se vir a notar nada e este 575 voltar à estrada como saiu da fábrica em 2002, é para mim mais um motivo de sinceridade e não de ocultação. Se o trabalho é de qualidade acima de qualquer suspeita e se não há nada a esconder porque ninguém desconfia de nada "in loco", então surge a pergunta: "porquê/para quê esconder?". Parece-me ilógico e redundante. Que esconda, se assim o entender, quem tem que esconder a sua falta de conhecimento, familiaridade e competência. Este projecto e a minha atitude tem o intuíto inverso: que esteja acessível a todos os entusiastas da marca um exemplo do que é possível fazer, se existir vontade, tempo, paciência e conhecimento técnico. Pretendo mostrar e não ocultar, se não encaro que a minha participação neste fórum (ou em qualquer outro) não faria sentido, já que considero que o propósito de vaguear virtualmente por aqui é o de fomentar a entreajuda, tirar dúvidas, aprender, pedir ajuda sempre estendendo a mão primeiro e tornado-me acessível a todas as demandas que entendam por bem colocar-me.

Neste país tão pequeno e por vezes de mentalidades tão tacanhas sobretudo no que ao tema "supercarros" diz respeito, se assim não for, resvalamos de forma clássica para o estereótipo popular de que quem tem um Ferrari é um zilionário arrogante, além de que não prestamos à marca grande serviço se não partilharmos e promovermos a troca de impressões entre os proprietários, à boa maneira dos garagistas ingleses que estão por detrás do aparecimento de grandes competições automóveis que hoje em dia fazer furor e captam um número cada vez maior de entusiastas. É do contacto com as pessoas e da partilha que todos aprendemos e crescemos. Como eu costumo dizer, meio a brincar meio a falar verdade: na vida, só chegamos onde chegamos porque fizémos amigos, não inimigos. Alienar as pessoas, quer sejam aquelas que nos abordam cordialmente num posto de combustível, colegas proprietários e entusiastas genuínos da marca só contribui para nos isolarmos cada vez mais no nosso canto e tornar o nosso mundo cada vez mais incompreensível sem razão nem motivo para tal.

Esforço-me ao máximo para viver de acordo com as letras que escrevo, e apenas convivo mal com os mirones alheios e com as picardias perigosas que promovem na estrada e que colocam em risco a minha pessoa e o meu património, mas esses indivíduos de entusiastas da marca nada possuem e mesmo que perdesse o meu tempo com toda a cordialidade do mundo, nada contribuiria na óptica deles para me livrar do estigma. Um "puto" de 29 anos ter 3 Ferraris para eles, ou anda na droga, nas meninas ou nas armas (ou nos três). Mal sabem o suor, os estudos, os sacrifícios, a ajuda e compreensão da família fantástica da qual felizmente faço parte, a ausência de férias anos a fio, os fins-de-semana de 14 horas de trabalho, as poupanças, a frugalidade, etc etc etc, porque andavam todos nas discotecas todos os Sábados até o sol nascer (e eu a essa hora já estava acordado para ir trabalhar aos Domingos, frequentemente noutro país), ou junto do balcão do banco a pedir o crédito número 159 do ano para ir pela 10ª vez de férias. Há muita coisa que hoje não posso adquirir ou manter, mas vivo muito feliz com isso. O importante é estarmos satisfeitos com o que somos e temos, levando a vida conforme o ritmo que ela dita e não conforme o nosso.

Em suma, nada aqui há que esconder já que ninguém me paga as contas (quem me dera!). Se não puder partilhar este projecto com as pessoas que partilham a mesma paixão pelos carros de Maranello que eu e com quem considero amigos, com medo de futuras e eventuais perdas na hora de uma hipotética venda, então algo estaria profundamente errado com a comunidade Ferrari em Portugal. Felizmente, não é o caso, pelo contrário! Tenho recebido apenas e só palavras de incentivo e de um apoio deveras sensibilizante que me emociona, reforçando ainda mais a minha frontalidade e o meu dever de vos colocar ao corrente. Eu fui o primeiro a pedir ajuda com a selecção do meu terceiro e último Ferrari e acho que seria tremendamente deselegante da minha parte não dar mais nenhum feedback, especialmente após ter adquirido o carro. Pena tenho eu de ser por ora um mero ignorante nestas questões, para não poder ajudar quem tanto me ajudou. Mas estou a trabalhar para corrigir a situação!

Infelizmente só em Janeiro, após as Festas, terei novidades de monta para aqui partilhar mas já andamos à caça de algumas peças que tradicionalmente não aparecem todos os dias em stock. Ao contrário do Mondial (810 unidades do 3.2 cabriolet mas 6.149 produzidas) e do 355 (529 unidades do F1 GTS mas 11.273 produzidas), fizeram-se "apenas" 2.056 unidades do 575 na totalidade das suas variantes, pelo que determinadas peças não abundam tanto quanto seria de esperar e eu gostaria. Mas como dizemos na gíria do dia-a-dia: "não é para se fazer tudo de uma vez, é para se ir fazendo!". O importante é fazer bem feito, e isso será feito sem dúvida. O maior especialista Ferrari em Portugal está comigo, não há nada que possa estar contra nós!

Espero fazer do meu 575 mais um exemplar que possa de alguma forma trazer algo ao Clube, ser um símbolo de algumas parcerias firmadas entre o Clube e outras empresas do ramo automóvel como a DetailPoint e mais um símbolo da qualidade que emana do Barreiro (não que fosse necessária mais uma prova, mas enfim) e surpreender-nos a todos! Que seja conhecido o meu carro e que torne de alguma forma mais acessível a um futuro proprietário obter informação que lhe seja útil na hora de equacionar fechar um negócio de um 575.

Um grande abraço com reconhecida estima e amizade!

Nuno.

 

Viva André, bom dia! Como está?

Então findo este tempo todo ainda me trata por "senhor", ainda para mais pertencendo nós praticamente à mesma geração? Nada disso, nem pensar! Não mereço esse tratamento, reverência e cortesia que o André tão educamente me estende. Só Nuno, se faz favor!

Também acabei por ficar contente após pensar no assunto dessa perspectiva que menciona: já existem tão poucos, era uma pena deixar este para trás, especialmente após se aferir que era perfeitamente recuperável, não obstante o "susto" gerado pelo impacto visual dos danos resultantes da colisão sofrida. Inspirava de facto muita prudência até se realizar a visita, pois só "in loco" é que verdadeiramente se poderia constatar acima de qualquer dúvida plausível se existiria algum ponto capaz de ser irrecuperável. Por um bom preço, com todos os acessórios e mantido na Viauto, não resisti!

Para lhe ser franco, ainda não me decidi relativamente à cor. Com os interiores claros, entendo perfeitamente a decisão passada de o pintar de uma cor exterior escura. Mas a intenção que por ora nutro (ressalvo que não passa disso mesmo, uma intenção, sem saber previamente da exequibilidade técnica e burocrática) é a de reverter ao original rosso corsa como saiu de fábrica. Em termos de gosto pessoal, também sou adepto do cinza num Ferrari GT, mas como me considero algo purista e com uma apetência pelas origens, o original suplanta o gosto pessoal e obedeço-lhe em primeiro lugar sem reservas de monta, como se de uma ordem hierarquica se tratasse. As ópticas também deverão ser substituídas por novas, pelo que se junta o útil ao agradável. Apesar de num trabalho desta magnitude imperar a paciência e felizmente eu não me encontrar restringido por um calendário/prazo a cumprir, se é para mexer, que se mexa tudo de uma vez quando se recupera e restaura, do que andar a tirar e a pôr, para mais tarde de novo pôr e andar a tirar.

Um grande abraço para si e mais uma vez os meus agradecimentos sinceros pelas suas sempre amáveis palavras e considerações!

Nuno.

 

Aproveito para fazer um breve update neste ponto da minha suspeita de fraude.

Fui contactado via e-mail (continua a ser impossível falar com alguém através de um contacto de telefone fixo e/ou móvel). Disseram-me que falaram com o Cristiano Ronaldo, comunicando-lhe que existia um interessado no 599 (eu) e queriam saber da boca dele qual era o valor mínimo que me faziam pelo carro. Disseram-me que este lhes retorquiu anteontem e os instruiu para me contactarem, dizendo que autorizava que me fizessem a atenção de cobrar apenas 42.000€.

Como se o Cristiano não tivesse mais nada que fazer, mesmo que o 599 ainda fosse dele!

Resta-me continuar a partilhar os desenvolvimentos da história que, de resto, eu já parei de promover. Pode ser sempre útil saber o "modus operandi" de determinados indivíduos por forma a estarmos o mais salvaguardados possível de pessoas que possam não estar a praticar a boa fé nos negócios que nós indiciamos e prezamos enquanto clientes e entusiastas.

Um abraço fraterno,

Nuno.

 

Tiago, muito obrigado pela foto! Acabei de te responder ao e-mail, desculpa a demora!

Realmente, bela companhia! Um Enzo não se vê todos os dias nem em todos os eventos da marca! Também achei curioso este evento (que desconheço) ter tido lugar em Marrocos, não é um lugar comum para se dar uma "voltinha" de Ferrari! É sempre muito agradável aprender estes pormenores sobre um carro nosso, especialmente para mim que gosto muito de histórias e detalhes!

Vejo, graças ao Tiago, que desde muito cedo lhe trocaram a côr de rosso corsa para nero, muito antes de qualquer sinistro. Foi mesmo questão de gosto pessoal do anterior proprietário, pelo que consigo aferir.

Um forte abraço, tudo de bom e mais uma vez votos de festas felizes para ti e para a família!

Nuno.

 

Já chegou o terceiro membro da família e segue um breve preview, naquele que é por ironia do destino o meu post número 575 no fórum!





Mais uma vez agradeço profunda e encarecidamente toda a ajuda, tempo e amizade que recebi de todos sem excepção. Paulatinamente partilharei novidades, consoante o tempo assim mo permita.

Um grande abraço,

Nuno.